segunda-feira, 12 de julho de 2010


confesso que adorava quando me pegavas pelo braço, ainda que me asustasse, e me sentavas a teu lado na berma do passeio enquanto sacudias as pedras ,minuciosamente, que me entretiam enquanto falavamos.
gostava quando vinhas falar comigo, embora eu sentisse sempre um aperto ancioso que me sufocava. sentia uma brisa esperançosa que era para toda a gente só uma brisa.
lembro-me das tuas e das minhas conversas, por certo tempo achei que fosses só tu a dar-me um sinal para não desistir da luta, afinal eramos os dois a fazer a mesma coisa.
no dia em que vimos a lua a substituir o sol, no dia em que trazias o cabelo despenteado e a barba ainda de criança por desfazer, no dia em que eu tinha o cabelo solto e um casaco de verão com flores que se mexia com as brisas, nesse dia.
disse-te:
- hoje acordei com a certeza que te ia ver.
- hoje acordei a pensar numa forma pouco rude de dizer que vou embora.
- hoje vou deitar-me com a certeza que me viste.
- hoje vou deitar-me com a certeza (...)
interrompi-te. levantei-me. beijei-te a testa e pousei a minha mão nos teus cabelos despenteados.
fui embora, de forma pouco rude, fui embora. com a certeza de que quando fores, não vais sozinho.

1 comentário:

Niqui disse...

gostei , gostei imenso !